segunda-feira, 11 de outubro de 2010

John Mayer - Heartbreak Warfare Clip

Ultimas novidades

Revista Inquirer – Life Style

Traduzimos uma matéria  muito simpática de uma jornalista Filipina fã de John Mayer, que escreve para a revista online “Inquirer  Life Style”. A matéria é na verdade um depoimento bem pessoal de toda a sua experiência como fã de John Mayer

Eu costumava te trair com a Alanis Morissette.
Por anos (depois de ter parado de dançar pop e parado com as aspirações Nicklodeon dela) minha resposta para a pergunta: “Se você fosse para uma ilha deserta, qual album levaria com você?” era consistente. Era sempre um album dela: “Jagged Little Pill” ou “Supposed Former Infatuation Junkie”.
Porque as musicas desses albuns eram minhas. Éramos ambas angustiadas, estávamos ambas bravas e éramos ambas garotas com muita coisa pra dizer. Eu era a Alanis. E Alanis era eu. E nós deveríamos estar juntas naquela ilha deserta.
Mas então, você aconteceu.
Você lançou o “Room For Squares” em 2001 e começou a mexer com a minha cabeça e com a minha lista de itens para a ilha deserta. Com que tipo de pessoa eu estava me envolvendo naquela época para precisar de uma lista para uma ilha deserta, não posso te dizer. Mas o que eu posso te dizer é que você, me fez trair a Alanis.
Por sua causa, eu queria correr gritando pelos corredores da minha escola para dizer para as garotas católicas de lá o que a vida real me ensinou. E eu tinha uma boca estúpida que constantemente me dava problemas. E algumas vezes, eu queria ter 6 anos de novo. E achava que “Love Song for No One” e “Back To You” eram brilhantes.
E mesmo que a frase “your bubblegum tongue” tenha me feito querer vomitar, eu senti que você me entendia. Você me entendia. E você era um garoto.
Resolvi que se comprasse o seu cd para levar para a ilha deserta, eu poderia sempre pular “Your Body is a Wonderland”. Sim, isso funcionaria.
Em 2003, enquanto assistia aos Grammys e torcia pela Norah Jones, você roubou a minha atenção de novo com o seu discurso quando ganhou o prêmio de “Melhor vocal pop masculino”.
“Eu sempre me orgulhei por ser maior que o momento, em ser mais esperto que o momento. Mas sou apenas um menino de 16 anos nesse momento. Esse momento está me detonando…Isso é muito rápido. Prometo tantar correr atrás.” – você disse.
Em 2007, durante um show em Oklahoma, você viu uma fã segurando uma faixa que dizia “Aniversário de 16 anos e nunca fui beijada. Quer ser o meu primeiro beijo?” e você deu o primeiro beijo dela lá mesmo, no meio daquela platéia enorme. Achei aquilo bem legal – e não pervertido como muitos acharam.
Foi nessa época que montei a minha lista no Ipod “Longos Voos”, na qual eu ouço nos voos longos (duh). A lista consiste basicamente em músicas suas e algumas do Ben Folds Five, Fiona Apple, Jason Mraz and Rachael Yamagata. “Daughters”, “Comfortable” e “Dreaming With A Broken Heart” estão entre as minhas favoritas para voar.
Você fez coisas que eu não gostei – namorou a Jessica Simpson, brigou pelo Twitter com o Perez Hilton, dividiu demais e deu entrevistas horríveis que fizeram com que as pessoas concluissem que você era misógino, racista e idiota.
Mas então eu percebi que eu não precisava sempre gostar das coisas que você fazia. Nem precisava sempre gostar de você. Porque tudo nunca foi sobre você, foi sempre sobre a sua música.
O cenário da ilha deserta sempre foi, eu e o seu cd, nunca eu e você.
Então quando eu soube que voce estava vindo para as Filipinas para um show, eu sabia que iria assisti-lo. Mas aquele show foi cancelado. Quando eles anunciaram uma nova data, eu ainda sabia que iria assisti-lo.
Nada iria ficar entre a sua música e eu – nem mesmo os ingressos caros, o trânsito pesado ou o fato de eu não gostar da Jessica Simpson.
Mas algo ficou.
Um mosquito.
Seis dias antes do show em Manila, depois de dias de febre alta e duas visitas ao Pronto Socorro, fui internada no hospital porque estava com dengue. DENGUE!
Passei os meus dias descansando no hospital, desejando que toda célula no meu corpo se recuperasse. Estava de saco cheio de estar doente, queria que parassem de me picar e tirar o meu sangue, queria ficar melhor e queria assistir ao seu show.
Mas não assisti. Saí do hospital na sexta e ninguém achou que seria uma boa idéia que eu encarasse a multidão e ficasse na chuva para te ver tocar. E eu tenho que admitir que eu não achava que tinha energia para fazer isso também.
Estava com o coração partido, naturalmente. E para completar, uma estação de rádio que estava escutando decidiu tocar 3 músicas suas uma atrás da outra. Ai.
A única coisa que me fez superar a noite de sexta foi que fui jantar sushi e lembrei que já havia te visto tocar em uma manhã louca, há 3 anos atrás.
Foi na Macworld de 2007 na São Francisco Moscone Center, logo depois do Steve Jobs anunciar o Iphone em uma de suas mais históricas apresentações. Ele disse: “Nós temos algo bem especial hoje. Não temos muitas tradições na Apple, mas John Mayer nos ajudou com muitos produtos.”
Do nada, você estava no palco e eu estava lá sentada apenas a alguns metros de você, com a minha boca escancarada. Nas minhas mãos, tinha meu gravador, minha câmera, meu caderno e uma caneta. Não sabia o que fazer. Tiro fotos? Faço um video? Continuo gravando? Faço anotações? Ou continuo aqui apenas sentada olhando pra você?
Fiz tudo isso ao mesmo tempo. Sim, e com a minha boca ainda aberta.
Você tocou apenas dua smusicas aquela manhã – “Gravity” e “Waiting on The World to Change”. Mas elas foram suficientes para me fazer esquecer momentaneamente do Iphone.
E elas foram suficientes para me fazer superar aquela difícil noite de sexta feira, que sabia que você estava na mesma cidade que eu, tocando as músicas que roubaram o meu coração e eu não podia ouvi-las.
Talvez outro dia? Em uma ilha deserta?